"Para ti, Campeão!"

Desta vez vou escrever mais do que é habitual mas é por uma boa razão :) 

Dia 7 de Janeiro deste ano foi lançado o livro "Para ti, Campeão!"  no Zeno Lounge -Casino Estoril, escrito por Ana Maltez, jornalista da SIC .  A Ana retratou o quotidiano da luta contra o cancro. Um testemunho real em torno da doença que atingiu Rafael Duarte,  seu namorado.   Os direitos de autor revertem para o departamento de Medicina/Neurologia do IPO de Lisboa com bens que permitam a campeões como o Rafael suportar um pouco melhor os dias difíceis dos internamentos. Sem duvida que é uma grande lição de vida, quando há amor há tudo!! Como familiar do Rafa agradeço este grande gesto,  foi uma grande homenagem e para a família foi muito bom poder ficar com uma recordação destas.. É bom saber que ele teve a seu lado pessoas assim quando ele mais precisou, amor sei que nunca lhe faltou. Como disseste naquele dia Ana " ele está muito contente garanto-vos e iria estar a achar isto um máximo" .. Muita força a todos pois sei que ainda custa bastante  

Para quem ainda não teve a oportunidade de ler este livro ou de saber mais sobre ele, amanhã vai haver uma nova apresentação "Para ti, Campeão" no Continente do Centro Comercial Colombo pelas 19.00 horas. Se tiverem disponibilidade apareçam, acreditem vale a pena. Mas para quem não puder comparecer e tiver interessado em ler o livro pode sempre encontra-lo a um preço bem acessível nas lojas Fnac, Continente, entre outras. 

 O Bento Rodrigues também jornalista da Sic leu, a viva voz, um texto escrito por ele, durante a apresentação do livro.

Do amor inteiro.

Quando a Ana começou a entregar frases a uma folha branca era apenas uma etapa do luto pelo Rafael. A escrita acabou por sair torrencial, como quem chora palavras. O exercício terapêutico ganhou volume de livro.

No habitual tom sereno, contou-me que era uma homenagem. Tive receio.

A palavra escrita fica para sempre a interrogar quem lhe deu vida. A recordar o que havia em cada letra no momento em que se soltou da mão.

Temi que as palavras assim perpetuadas e em público deixassem permanente a dor bruta da perda definitiva. Que não deixassem o tempo e a memória fazer o trabalho silencioso de sarar o peito e a ferida onde nascem as lágrimas.

Engano. A história que aqui se diz não podia ser calada por ser o conto real de um amor ao alcance de poucos.

Vigoroso. Como coisa sempre a começar.

Fundo. Como toque na pele quando tocar na pele é tocar por dentro.

Comovente. Como ele a fazer para ela barcos em guardanapos de papel sempre que entram num café.

Amor assim só acontece aos escolhidos e aos que o sabem cumprir, mesmo que dure apenas um instante. Ou duas vidas e meia.

A maioria ama a adiar.

A dúvida. Será que gosto de ti para lá do tempo instantâneo das paixões?

O medo. E se o "até já" de todos os dias passa um dia a ser um "adeus"?

De adiado o amor faz-se menos de metade. Desfeliz.

O amor inteiro relatado nestas páginas é uma lição sobre a verdadeira importância de cada coisa. Sem a ousadia de uma lição.

É um ensinamento sobre coragem no ponto mais frágil da condição humana. Dela, que fica, luta e se revolta mesmo quando lhe dizem que tem de desligar o coração. Dele, que aceita lutar contra o mal do corpo e que confia nela em tudo com a mesma naturalidade com que lhe pronuncia o nome. A história que aqui se diz mostra por fim que nascemos de novo de cada vez que nos dizem "gosto de ti".

Bento Rodrigues, Jornalista

E assim me despeço. Desejo uma boa noite a todos! *